sábado, 28 de janeiro de 2012

Caçar por esporte é matar por futilidade

"Imagine um caçador. O estereótipo que provavelmente nos vem é um homem em seus trinta anos, barbado, forte, cara de poucos amigos e vestido com roupas que já não são de nossa época, afinal “caçadores” é coisa do passado. Imaginem então, traficante de animais? Esse sim tem mais cara de bandido e jeitão de criminoso. Finalmente quem seria o comprador de animais de nossa fauna? Um milionário europeu?

Somos sempre induzidos a pensar que certas situações, principalmente as mais inusitadas, acontecem somente distantes de nossa realidade ou nos noticiários. Acreditem, na realidade, a caça e o tráfico de animais acontecem aqui e agora. Não sejamos ingênuos de acreditar que caçadores e traficantes são problemas que ocorrem na Amazônia, no Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul. A caça, o tráfico de animais e a compra de animais silvestres acontecem hoje e pode estar sendo cometida pelo seu vizinho, familiar e até por uma inofensiva mãe de família. Hoje, aqui mesmo no Paraná, ainda existem pais que possuem o costume primitivo de levar o filho para a sua primeira caçada quando este atinge determinada idade. Aposentados e vovôs roubam filhotes de papagaios e maritacas, que são retirados de seus ninhos e os vendem para inofensivas donas de casa que cortam suas asas ou os colocam em minúsculas gaiolas.

Quando foi que estas pessoas esqueceram-se dos crimes contra a fauna? Qualquer um destes personagens se sentiria extremamente ofendidos se você os chamasse de criminosos. Exceto os casos de licenciados por órgão competentes e os casos de abate de animais por necessidade para saciar a fome da família, de acordo com o Artigo 29 da Lei dos Crimes Ambientais, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória é crime, cuja pena pode chegar a um ano com multa.

De que nos serve salvar os animais dos incêndios? Que diferença faz se, mais tarde, são covardemente mortos alvejados por balas pelo corpo? O caçador pouco se importa também se a presa é um macho ou fêmeas que muitas vezes são abatidas deixando para trás filhotes que ainda não sabem caçar e acabam morrendo de fome ou se tornando presas fáceis para outros animais.

Já nos basta a grande quantidade de animais que são abatidos todos os dias para nos garantir um cardápio rico em proteínas a base de carne. Na África depois que foram revelados ao mundo as cenas chocantes do abate de elefantes, leões e tigres para virar troféus de caçadores, vários parques de caça deram lugar ao safári de observação, atraindo um grande numero de visitantes.

Contribuir para a preservação da vida é, certamente, uma experiência das mais estimulantes do que a promoção da crueldade e da violência. O nosso Brasil, com tamanho potencial para o ecoturismo, possui em sua fauna grande riqueza que devemos saber preservar, admirar e saber desfrutar de maneira ecológicamente correta".

(Texto: Erick Xavier - CORIPA)

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