sábado, 20 de fevereiro de 2010

Glossário do Goiano

"Pequeno Dicionário Goianês", enviado a mim, pelo meu grande amigo Ary Soares dos Santos, Goiano de Catalão...
Arvre: Árvore (isso me lembra 'As arvres somos nozes').
Arvrinha: Árvore pequena.
Arvrona: Árvore grande.
Madurar: Amadurecer.
Corguim: Lê-se córrr-guim. Diminutivo de corgo.
Corgo: Lê-se córrr-go. Córrego.
Quando é fé: Algo como “de repente” ou “até que”. Ex.: 'Estava no consultório do dentista, ouvindo aquele barulhinho de broca, e quando é fé sai um meninin chorando de lá.'
Deixa eu te falar: Com a variação “Ow, deixa eu te falar”. Introdução goiana para um assunto sério. Nunca, mas nunca mesmo, chegue para um Goiano falando diretamente o que você tem que falar. Primeiro você tem que dizer “ow, deixa eu te falar”, para prepará-lo para o assunto. Em Goiás você precisa seguir o ritual de uma conversação. Ex.: 'E aí, bão? E o Goiás, hein? Perdeu! Tem base? É por isso que eu torço pro Vila. Ow, deixa eu te falar, lembra aquele negócio que eu te pedi...' A forma abreviada é “te falar”.
Custoso: Na definição dela significa teimoso. Também ouço como se fosse algo que dê trabalho. 'Esse moleque é custoso demais da conta!' alguém custoso seria alguém que apronta muito!
Tem base?: Expressão tão goiana que existe até em slogan impresso em bandeiras e camisetas exaltando o estado: 'Sou goiano. Tem base?'. Pode ser traduzido como 'Pode uma coisa dessas?', só que usado com muito mais frequencia.
Chega dói: Chega a doer. Ex.: Deixa eu te falar, essa luz é tão forte que chega dói a vista. Na verdade essa forma pode ser usada com quaisquer outros verbos combinados com o verbo 'chegar'. Ex.: chega arranha, chega machuca, chega engasga.
Chega doeu: Chegou a doer, ou seja, o passado de “chega dói”. Muita gente não entendeu o porquê desse verbete no passado se já se usou o verbete no presente; afinal tratar-se-ia de conjugação verbal simples, não é mesmo? Mas a fato é que quando existe uma conjunção verbal, é o verbo auxiliar (chegar) que determina o tempo da conjunção. No Goianês é diferente. É o verbo principal que é conjugado.
Encabulado: Impressionado. Ex.: Estou encabulado que você nunca tenha ouvido alguém falar 'chega dói' antes.
Uai: Palavra que normalmente não tem sentido, mais ou menos como o tchê do gaúcho. Usado normalmente em respostas. Ex.: Pergunta: Goiano, você vai à festa hoje?; Resposta: Uai, vou!. Dá impressão que o uai é parecido com o ué usado em outras regiões. Mas o ué muitas vezes é usado no caso de a pessoa achar a pergunta estranha.
Num dô conta: Pode ser traduzido como Não consigo, Não sei, Não quero, Não gosto, etc. No resto do país, “não dar conta” é usado mais no sentido de 'não aguentar'. Por exemplo: Não dei conta do recado, ou Não dou conta de comer isso tudo sozinho. Já aqui em Goiás é usado para quase tudo. Ex.: Num dô conta de falar inglês ('não sei falar inglês'); Num dô conta de continuar em Goiânia nas férias ('Não quero/não aguento continuar em Goiânia nas férias); Num dô conta de imprimir usando esse programa ('não sei imprimir usando esse programa').
Bão?: Goianês para 'Tudo bem?' Também é usada a forma bããããão?
Tá boa?: Goianês para 'Tudo bem?' usado para mulheres. Em outras regiões do Brasil seria interpretado de outra forma...
Bão mesmo?: É comum usar o 'mesmo?' depois de coisas como 'e aí, tá bom/bão', como se pedisse uma confirmação de que a pessoa tá bem e não apenas fingindo que está bem.
Piqui: Pequi, fruto típico de Goiás, bastante usado na culinária Goiana.
Mais: Substituto goiano da conjunção 'E'. Ex.: Eu mais fulano estamos no Goiás.
No Goiás: Em Goiás.
Na Goiânia: Em Goiânia.
Pit Dog: Uma espécie de filho bastardo de uma lanchonete com uma barraquinha de cachorro-quente. Apesar desse nome estranho, os sanduíches são muito bons!
Queijim: Rotatória.
Mandruvá: Mandorová.
Coró: Mesmo que mandruvá, segundo meus tutores de goianês.
Dar rata: Algo como cometer uma gafe. Ou seja, dar rata é o goianês para 'fazer gumpice'.
Calçada: Pode significar: 1. Lugar para estacionar carros; 2. Local onde se colocam as mesas dos botecos e restaurantes. Note que não existe em Goianês calçada no sentido de lugar para pedestre, pois não sobra espaço para pedestres entre os carros e as mesas em Goiás...
Anêim: Algo que parece ter vindo de 'Ah, não!', que virou 'Ah, nem!' Mas às vezes é simplesmente usado na frase com um sentido de desagrado.
De sal: Salgado. Ex.: Pamonha de Sal.
De doce: Se 'de sal' é salgado, então 'de açúcar' é doce, certo? Errado! Em Goiás as coisas não são doces, elas são de doce.
Caçar: Procurar. Goiano não procura, goiano caça. Ex.: 'Estive te caçando o dia inteiro'. 'Não sei onde está, mas vou caçar esse papel para você.'
Trem: Qualquer coisa pode ser chamada de trem, inclusive um trem. Ex.: 'Ôôô trem bão!' (ô, coisa boa!) Já ouvi até mesmo a seguinte declaração de amor: 'Te amo, Trem!'.
Demais da conta: Em Goiás, deve-se evitar utilizar a palavra 'demais' isolada. A forma correta é 'demais da conta'. Ex.: 'Gosto disso demais da conta!'. 'Conheço a região demais da conta!'
Barriga-verde: O termo barriga-verde nada tem a ver com o usado no sul, que significa 'catarinense'. Barriga-verde em Goiás é um novato, alguém que ainda está 'cru' numa determinada coisa.
Disco: Um tipo de salgado frito.
Ou quá?: Algo como 'ou o quê?'. Ex.: 'Você vai sair com a gente ou quá?'
Vende-se este: Em Goiânia é muito mais comum ver placas dizendo 'Vende-se Este' colada num carro, do que simplesmente 'Vende-se'. É como se quem escreveu pensasse 'vende-se? Vende-se o que?', mas também ficasse com preguiça de escrever 'Vende-se este carro'. Fica o meio termo.
Fi: Creio que vem de 'Filho', é usado no fim da frase, como se fosse um 'tchê' gaúcho ou um 'meu' paulista. Ex.: 'Esse é o melhor, fi!', 'Nossinhora, fi! Bão demais da conta!'.
Coca Média: Refrigerante médio é o de garrafinha de 290ml. Ou seja, o menor que costuma ser vendido em restaurantes.
Final de tarde: Sabe aquela mania chata das propagandas de uma marca de cerveja de tentar mudar a quarta-feira para Zeca-Feira e o Happy Hour para Zeca-Hora? Pois é, ao menos o Happy Hour já foi aportuguesado por aqui. Chama-se 'Final de tarde', e na prática é o happy hour: você sai do trabalho e vai tomar uma com os amigos. Acompanha espetinho e feijão tropeiro, é claro!

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