segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Congresso em Belém avalia estratégias de conservação e pesquisa da fauna no Brasil

Brasília (05/02/10) – As contribuições do conhecimento científico para a preservação da fauna brasileira estarão no centro das discussões do 28º Congresso Brasileiro de Zoologia, que começa neste domingo (7), em Belém (PA). A evolução e os desafios da Zoologia no país, os avanços das metodologias de estudo, a definição das áreas e dos grupos biológicos prioritários para a pesquisa e a necessidade de desenvolver estratégias de conservação da fauna nos diversos biomas brasileiros serão debatidos pelos mais de dois mil congressistas inscritos no evento, que será realizado pela Sociedade Brasileira de Zoologia, em parceria com a Universidade Federal do Pará e o Museu Paraense Emílio Goeldi, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, até a quinta-feira, dia 11.
De espécies conhecidas a estudos sobre a interação gente e animais; de uma fauna quase desconhecida do grande público até o mais saboroso camarão, recurso pesqueiro estudado pela Carcinologia, passando por temas como a entomologia forense – que trata da importância dos insetos nas investigações criminais – e as bioinvasões – pragas que ameaçam ecossistemas e sociedades contemporâneas por igual –, o Congresso promete uma seleção de temas de interesse científico e do cidadão comum. Ótima oportunidade para se conhecer ainda mais sobre a fauna brasileira, ameaçada, muitas vezes maltratada, mas sempre muito apreciada quando se trata de recursos naturais.
O tema “Biodiversidade e Sustentabilidade” norteará os principais debates do Congresso, pois reflete “as atuais preocupações da comunidade científica em relação ao futuro da biodiversidade, daí devemos inserir fauna, flora e sociedade no contexto de conservação”, como explica o presidente da Comissão Organizadora do Congresso, Luciano Fogaça de Assis Montag, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Segundo Luciano Montag, o evento reunirá na capital paraense mais de dois mil congressistas, além de 200 convidados nacionais e internacionais, para “promover amplo debate sobre os desafios em conciliar desenvolvimento econômico e social, com a conservação da fauna, sob os diversos aspectos que envolvem a ciência denominada Zoologia”. Ao inserir as instituições de pesquisa e ensino da Região Norte na discussão nacional sobre produção e divulgação de conhecimento científico pela Zoologia, o Congresso propiciará um contato mais estreito e direto entre pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós-graduação de todas as regiões do país. “Esse contato gera repasse de conhecimento, debates e compartilhamento de dados, que contribuem para a elaboração de pesquisas envolvendo a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável”, afirma o presidente do Congresso.
Para Montag, o conhecimento da diversidade biológica dos biomas brasileiros e o monitoramento dos impactos antrópicos sobre esta biodiversidade são as prioridades da pesquisa hoje no Brasil, que enfrenta ainda os desafios de implantar políticas públicas de conservação e de sensibilizar os órgãos de fomento para o desenvolvimento de pesquisas em biodiversidade. “Os inúmeros papéis ecológicos desempenhados pela fauna são fundamentais para a sustentabilidade dos ecossistemas naturais”.
Durante os cinco dias de evento serão realizados 33 simpósios, sendo 25 temáticos e oito promovidos por sociedades científicas, além de dez palestras magnas, minicursos, apresentação de painéis, lançamento de livros, concurso de fotografia sobre fauna silvestre e feira com stands de livrarias especializadas, instituições e empresas apoiadoras. Também serão apresentados 1.649 trabalhos científicos, distribuídos em áreas como Herpetologia, Etnozoologia, Mastozoologia, Ornitologia, Entomologia Forense, Ensino de Zoologia e Educação Ambiental, entre outros.
SIMPÓSIOS – Vários eventos discutirão estratégias e metodologias científicas voltadas para a conservação da fauna brasileira durante o Congresso, como os simpósios “Produção e Conservação Ex-Situ de animais silvestres”, no dia 9; “Genética da Conservação”, nos dias 9, 10 e 11; “Ajustes fisiológicos em ambientes extremos: o que podemos aprender com a fauna brasileira” e “Fauna brasileira: em busca da sustentabilidade possível”, ambos no dia 10; entre outros. A investigação científica sobre a diversidade de grupos biológicos como Coleóptera (besouros), Turbelários (vermes), Aracnídeos, Díptera (moscas, mosquitos), Arthropoda (animais invertebrados como formigas, crustáceos, etc), entre outros, também será discutida em eventos específicos.
Os congressistas terão ainda a oportunidade de debater sobre a atual situação das coleções científicas no Brasil, nos dias 9, 10 e 11; a integração de inventários e de programas de Biodiversidade, como o programa “Planetary Biodiversity Inventories (PBI), nos dias 9 e 10; o estado da arte de programas brasileiros de pós-graduação em Zoologia, no dia 11; os novos desafios da Zoologia brasileira e da ciência da informação em Biodiversidade, no dia 9; a mineração como parceira na preservação da biodiversidade em áreas tropicais, no dia 11; além de temas como entomologia forense, nos dias 10 e 11; radiotelemetria, bioinvasões e transmissão de raiva por morcegos hematófagos na Região Amazônica, nos dias 9, 10 e 11.
Os simpósios promovidos pelas sociedades científicas também acontecerão de 9 a 11 de fevereiro, sempre à tarde. Nos dias 9, 10 e 11 serão realizados os simpósios “Diversidade e Biogeografia da Ictiofauna da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós”, da Sociedade Brasileira de Ictiologia; “Os recentes avanços e as perspectivas da Filogeografia de aves netropicais” (originalmente: “Recent Advances and Perspectives in Neotropical Avian Phylogeography”), da Sociedade Brasileira de Ornitologia; “Biodiversidade Planctônica e Amazônia: uma imensidão a ser explorada”, da Sociedade Brasileira de Plâncton; além do Simpósio da Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros.
No dia 9 serão realizados o 5º Simpósio Brasileiro de Entomologia e o evento “Sustentabilidade e Diversidade de Crustáceos”, da Sociedade Brasileira de Carcinologia. Nos dias 10 e 11, também acontece o simpósio “Biodiversidade Brasileira de Moluscos: estado atual do conhecimento e perspectivas”, da Sociedade Brasileira de Malacologia.
Já o 1º Simpósio Brasileiro de Etnozoologia discutirá, nos dias 9 e 11 de fevereiro, diferentes abordagens e tendências nos estudos sobre as interações entre seres humanos e animais, além de debater pesquisas etnozoológicas que tratam da biodiversidade animal brasileira. A zoologia Caiapó, a importância da cultura nas relações entre seres humanos e animais na Amazônia e a etnozoologia em áreas de manguezais são assuntos que nortearão os debates.
Palestras e Minicursos – Destinados aos inscritos no evento, os minicursos serão realizados nos dias 7 e 8 de fevereiro. São 24 minicursos, que tratam de diversos temas, como entomologia forense, insetos sociais, citogenética, herpetologia, introdução à ornitologia, ilustração científica, fotografia aplicada à Zoologia e conservação da biodiversidade, entre outros.
Já as palestras serão realizadas de 9 a 11 de fevereiro, pela manhã, com tradução simultânea para o português. No dia 9, serão apresentados os temas “A conservação da biodiversidade: de espécies até ecossistemas”, pelo especialista Claude Gascon, da Conservation International; e “Controle “bottom-up” vs “top-down” da biomassa de vertebrados em florestas neotropicais”, pelo pesquisador Carlos Peres, da University of East Anglia.
No dia 10, serão quatro apresentações: “Diversification of the Amazonian biota: reconstructing a complex history”, com Joel Cracraft, do American Museum of Natural History; “The oonopid spider Planetary Biodiversity Inventory: transforming how systematists work”, com Norman Platnick, também do American Museum; “A interface entre ciência e conservação: um quebra-cabeça desconcertante”, com Liza Veiga, Museu Goeldi; e “Honey bee ecology revisited: the long-term community behavior of populations”, com David Roubik, do Smithsonian Tropical Research Institute.
No dia 11, será a vez dos pesquisadores Mario Cesar Cardoso de Pinna e Nelson Papavero, do Museu de Zoologia da USP, ministrarem as palestras “Teorias Evolutivas em Reconstrução Filogenética” e “Dicionário histórico dos nomes populares dos animais do Brasil - 500 anos de nomenclatura zoológica popular”, respectivamente. Em seguida, o pesquisador Walter Antonio Pereira Boeger, da Universidade Federal do Paraná, apresenta “Evoluindo em Gaia: a vaca, as associações e a diversificação da vida”.
SERVIÇO – 28° Congresso Brasileiro de Zoologia. De 7 a 11 de fevereiro em Belém (PA), no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. A programação completa do evento está disponível no site http://www.cbzool2010.com.br/
(Fonte: Ascom/ICMBio)

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