segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Maringá, Maringá...

(Imagem: Google Earth)
(Do Blog Paraná, Brasil!)
"Morando em uma cidade que já foi considerada - pela mídia longínqua carioca da Rede Globo e afins como 'a Dallas Brasileira', 'Texas no Brasil', 'a cidade mais segura do Brasil' (por duas vezes) é triste dizer-lhes que: 'isso não é assim'.
Maringá registra mais mortes no trânsito do que homicídios, são correntes os roubos, furtos e outros pequenos delitos, sua contagem é assustadora e crescente.
Engana-se quem acha que a violência está logo ali na cidade vizinha porque 'Maringá não tem favelas'. Engana-se quem supõe que aqui andamos todos de caminhonetes pelas 'ruas largas' - que já não são tão largas assim, graças à engenharia de trânsito mal-feita.. ('nossos japoneses são melhores que os outros', não é mesmo? Tenho orgulho de Maringá ter essa colônia oriental incrível, não precisamos 'importar' outros...).
Bonita pra quem olha de fora e de dentro, são comuns os comentários de que em Maringá 'só faltava praia' – o que podemos sentir em cada minuto de uma andança pelo centro da cidade, absorvendo cada um de seus 30 graus, comuns nessa época do ano –, infelizmente, Maringá está mudando.
Em vez de apontar supostos culpados e dar a cada um a fatia das conseqüências de seus erros, vou apenas divagar... e bem DEVAGAR.
O centro de Maringá está mais poluído do que nunca, camelôs travestidos de 'lojinhas' que antes ocupavam um espaço sujo e perigoso na antiga Rodoviária agora ocupam espaços menos sujos e um pouco menos perigosos no centro da cidade, dando ares de '25 de março' à região.
O 'centro-novo' com a 'Nova Rodoviária' está inacabado, a poeira desta Terra Vermelha incomoda, mancha casas, pessoas, tudo o que encontra pela frente e a única coisa que nos alegra é vermos que tem um 'marco inicial' por ali, no meio do capinzal.
Os bairros estão violentos. Não se pode mais andar à noite tranquilamente. Em volta do Estádio Municipal o que parece acontecer é um acúmulo de pessoas desocupadas que insistem em achar que seu estacionamento é uma festa a céu aberto, incomodando moradores e ajudando a região a ser o que é: a de maior índice de furtos e roubos da cidade – em 2008, a zona 7 registrou: 104 ocorrências de furtos em residências, 92 ocorrências de furtos em veículos, 74 de furtos/roubos de veículos, 171 roubos a pessoas (fonte: http://www.odiariomaringa.com.br/mapaviolencia/).
É campeã! No bairro mais tradicional da cidade mais segura do Brasil é onde fica o maior índice de pessoas que fecham os olhos por metro quadrado (dado sem fonte...).
A polícia militar vem fazendo um ótimo trabalho em relação a isso, de verdade, sem demagogia ou hipocrisia. As rondas nos bairros centrais ainda são insuficientes, mas a PM faz o que pode, com o que pode, e merece ter seu mérito reconhecido.
No jardim universitário e arredores da UEM não é diferente. Furtos, roubos, etc.
Muitos vêem – e eu mesmo já presenciei os dizeres – que Maringá é apenas a cidade onde 'venho estudar, depois volto pra casa'. Se, de toda forma, queremos viver em paz numa mesma cidade, seria ótimo se os estudantes que vêm de fora para usufruir da melhor universidade do Paraná e, é claro, ajudá-la a ser o que é, vissem Maringá como uma casa, um lar, e não só como um lugar pra estudar e fazer festas.
Em se tratando de festas, Maringá é ótima. Com os diversos cursos sedentos em arrecadar dinheiro pra formatura os acadêmicos se aplicam em realizar as melhores festas da região. Comprovado. E mais que certo, fim-de-semana é tempo de relaxar e esquecer do dia-a-dia corrido.
Entretanto, uma terça-feira não é dia de baderna, nem quando, por acaso, ocorrer de acontecer o vestibular da UEM nesse dia. Não são apenas repúblicas de estudantes que moram no Jardim Universitário e seus moradores não devem ter de agüentar bagunça em pleno dia de semana. Aliás, baderna no meio da rua, obstruindo-a total ou parcialmente não é coisa de gente educada. Não é coisa de universitários...
Maringá é ótima em outros sentidos, também. Dependendo do objetivo da visita...
Sejamos sinceros: tem mulheres lindas, o clima é agradável (não para este que vos escreve, entretanto), não há inundações, secas muito prolongadas, geadas muito severas e constantes, enfim! Maringá é uma cidade de médio porte com cara de grande e jeito de interior, com pessoas interioranas e migrantes que quase sempre se acham superiores, seus problemas são visíveis e latentes, mas eu a amo.
Amo essa cidade porque foi aqui que nasci, vejo seus problemas de dentro, posso falar sem medo de suas mazelas – inclusive aquelas que deixei de fora deste texto, talvez por receio, talvez por bom-senso – e me preocupar em ajudar na mudança.
Falando com conhecimento de causa, ouvindo as histórias de meu avô (pioneiro desta cidade) tenho visto que Maringá está crescendo, o que, invariavelmente, traz problemas. Não sou contra o progresso, muito pelo contrário, mas sou contra o progresso desordenado, causador de futuras tensões e caos social. Maringá há tempos não cresce com planejamento.
Por fim, não poderia deixar de comentar o que acho ser um dos grandes fatores para o aumento crescente da violência na Cidade-Canção: as drogas.
Pessoalmente, acredito que as drogas são causa e não reflexo de um problema. Digo isso porque, nas duas décadas em que vivo em Maringá posso agora afirmar: aqui é tal como ali, e acolá, e alhures.... e agora falo como morador da cidade com um pouco mais que o básico de instrução sobre esse assunto. É mais como um recado:
Pense de onde vem a porcaria que você enfia no seu nariz... (além de você ser enganado cheirando maizena e fumando esterco) e veja se VOCÊ, usuário de drogas, não tem uma grande parcela de CULPA pela violência que decorre desse seu ato imbecil.
Não é coincidência o aumento da violência com o fato da popularização de drogas como o crack, mas talvez esse seja o 'assunto pra não se falar na mesa'.
Este é um desabafo de um maringaense que ama sua cidade e, logo por isso, espera que haja mudanças para que todos possamos viver juntos em paz".
Thiago Gritzenco - Advogado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo com vc tiago,mas infelizmente as drogas estão tomando conta de nossas cidades,não importando o tamanho delas,cidades pequenas,grandes,realmente não conseguimos viver em paz; tais como cocaínas e cracks são mais perigosas com profundas e sérias consequências.Também recentemente no Brasil passou a ser rota de passagem vindo da colombia heroína de alta qualidade,é de se esperar o aumento da oferta dessa poderosíssima droga que até há pouco estava longe do Brasil.Individuos perigosos tais como traficantes expondo os jovens a influência e a atuação na margem da lei.