Nóis pede amô,
Nóis pede pra casá,
Pede casa pra morá;
Nóis pede saúde,
Nóis pede proteção,
Nóis pede paiz,
Nóis pede pra dislindá os nó
Quando as coisa cumprica
Mode a vida corrê mió.
Quano a coisa aperta nóis reza
Pedindo tudo que farta;
É uma pedição sem fim
E quano as coisa dá certo,
Nóis vai na igreja mais perto
E no pé de argum santo
Que seja de devoção
Nóis deixa sempre uns merréis
E lá no cofre da frente
Nóis coloca mais uns tostão.
Mais hoje Meu Sinhô
Bateu uma coisa isquisita
E eu me puis a matutá
Nóis pede, pede e pede
Mais nóis nunca pregunta
Comé que o Sinhô tá!
Se tá triste ou tá contente,
Se percisa darguma coisa
Que a gente possa ajudá
E por esse esquecimento
O sinhô tem que nos adiscurpá.
Ói Deus, nóis sempre pensa
Que o Sinhô num percisa de nada
Mas tarvez num seja assim
Tarvez o Sinhô percisa de mim.
Sim, o Sinhô percisa, sim!
Percisa da minha bondade,
Percisa da minha alegria,
Percisa da minha caridade
No trato c’os meus irmão.
Percisa da minha bondade,
Percisa da minha alegria,
Percisa da minha caridade
No trato c’os meus irmão.Nóis semo seu espêio,
Nóis semo a Sua Criação,
Nóis num pode fazê feio
Nem ficá fazendo rodeio
Nem desapontá o Sinhô
Nem amargá o seu sonho
Que foi um sonho de amô
Quando essa terra todinha criô.
Ói Deus, eu prometo
Vo rezá de ôtro jeito
Vo pará com a pedição
E trocá milagre por tostão;
Tarvez eu inté peça uma graça
Mas antes vo vê direitinho
O que é que andei fazendo de bão.
E se nada de bão eu encontrá
Muito vo me envergonhá
E ainda vo pedi perdão.
(Texto: Fátima Irene Pinto)
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