domingo, 6 de fevereiro de 2011

Oração do matuto

Ói Deus, Nóis tá sempre pedindo as coisas pro Sinhô. Nóis pede dinhero, Nóis pede trabaio, Nóis pede pra chovê E se chove demais Nóis pede pra pará Mode a coiêta num afetá.
Nóis pede amô, Nóis pede pra casá, Pede casa pra morá; Nóis pede saúde, Nóis pede proteção, Nóis pede paiz, Nóis pede pra dislindá os nó Quando as coisa cumprica Mode a vida corrê mió.
Quano a coisa aperta nóis reza Pedindo tudo que farta; É uma pedição sem fim E quano as coisa dá certo, Nóis vai na igreja mais perto E no pé de argum santo Que seja de devoção Nóis deixa sempre uns merréis E lá no cofre da frente Nóis coloca mais uns tostão.
Mais hoje Meu Sinhô Bateu uma coisa isquisita E eu me puis a matutá Nóis pede, pede e pede Mais nóis nunca pregunta Comé que o Sinhô tá! Se tá triste ou tá contente, Se percisa darguma coisa Que a gente possa ajudá E por esse esquecimento O sinhô tem que nos adiscurpá.
Ói Deus, nóis sempre pensa Que o Sinhô num percisa de nada Mas tarvez num seja assim Tarvez o Sinhô percisa de mim. Sim, o Sinhô percisa, sim! Percisa da minha bondade, Percisa da minha alegria, Percisa da minha caridade No trato c’os meus irmão.
Nóis semo seu espêio, Nóis semo a Sua Criação, Nóis num pode fazê feio Nem ficá fazendo rodeio Nem desapontá o Sinhô Nem amargá o seu sonho Que foi um sonho de amô Quando essa terra todinha criô.
Ói Deus, eu prometo Vo rezá de ôtro jeito Vo pará com a pedição E trocá milagre por tostão; Tarvez eu inté peça uma graça Mas antes vo vê direitinho O que é que andei fazendo de bão. E se nada de bão eu encontrá Muito vo me envergonhá E ainda vo pedi perdão.
(Texto: Fátima Irene Pinto)

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