"O Paraná despeja no ambiente 40 mil toneladas, ou 40 milhões de quilos, de agrotóxicos por ano. Este veneno vai para as plantas, o solo, o ar, a água e para dentro do resto de seus habitantes.
O Estado é o segundo consumidor nacional desta nefasta mercadoria. E talvez, não por coincidência, o primeiro em número de câncer de fígado e pâncreas.
Aqui, nas regiões que plantam fumo, e aplicam veneno associado a sais e metais, o número de câncer em crianças, a depressão psíquica e o suicídio de jovens adultos, é maior que a média estadual. Talvez, não por coincidência...
A progressiva esterilização do solo; o aparecimento de novas pragas; a ressurgência das super-pragas; a redução da piscosidade dos rios e a contaminação do leite materno, são alguns exemplos de um modelo agrícola que, para vender mais, combinou máquina, agrotóxico e adubo químico.
Já passou da hora de buscarmos um outro modelo.
Entretanto, o agricultor não aplica veneno na propriedade porque é um delinqüente ambiental. Por que é cruel. Ele o faz porque esta é a lógica do modelo. E dizer a ele que, de agora em diante, não poderá mais usar estes produtos é deixá-lo com um peso na alma porque, mesmo ciente das conseqüências, continuará impregnando sua propriedade do mesmo jeito. Porque o mercado exige!
Ora, mas se é uma questão de mercado, vamos abrir um outro mercado: veneno de cobra se combate com veneno de cobra.
O Governo do Estado compra, para a merenda escolar, mais de 1 milhão de refeições por dia. Então, que compre aquelas feitas de produtos orgânicos!
Com isso, garante-se um mercado aos agricultores que converterem suas propriedades e, ao mesmo tempo, acena-se com mais saúde para nossas crianças.
Aliás, segundo a ANVISA, o residual de agrotóxicos permitido em um ser humano é calculado levando-se em conta o organismo de um homem de 60Kg. Mulheres e crianças estão fora.
Mais um motivo para começar pelas crianças.
Para quem pensa que não há produção, nos últimos 10 anos, no Paraná:
- O número de produtores de orgânicos saltou de 300 para 5.300.- A safra de orgânicos pulou de 450 toneladas para 107.000 toneladas. Um aumento de 2.000%. A continuar os incentivos governamentais, projeta-se para o ano 2.018 uma safra de 2 milhões de toneladas.
Por tudo isso foi que eu, e os deputados Luciana Rafagnin e Elton Welter fizemos e acabamos de aprovar, na Assembléia Legislativa, projeto de lei que institui a obrigatoriedade da Merenda Escolar Orgânica.
Tem alimento orgânico para abastecer toda merenda escolar? Não.
Mas, contrariamente ao que poderíamos pensar, isso é bom. É sinal que a produção pode crescer porque o mercado existe.
Para se ter uma idéia, todo o feijão orgânico produzido no Estado, não chega à metade da demanda da merenda escolar.
- E os rio vai ficar limpo? – canta na orelha meu pernilongo de estimação.
- Vai dá pra ver o fundo – respondo, zunindo.
- Então vai dar peixe até debaixo d´água!
Mesmo sem entender do assunto, até meu pernilongo acerta na mosca".
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