Brasília (17/07/09) – A Reserva Biológica (Rebio) de Perobas, no noroeste do Paraná, é morada para vários tipos de animais. Porém, muitos deles ainda não têm o devido registro no local. Para preencher essa lacuna no que diz respeito aos médios e grandes mamíferos, o pesquisador Vagner Canuto, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, está em campo na Rebio. Ele desenvolve um trabalho de catalogação desses animais. Segundo ele, essa é uma das primeiras ações de base para pesquisas futuras, mais aprofundadas, ou mesmo para iniciativas de conservação de algumas espécies que estão correndo algum tipo de risco.
Esse levantamento tem o objetivo de responder quais são os animais dessa categoria presentes na reserva. A Rebio ainda não tem nada nesse sentido, conforme o cientista, que acrescenta outros fatos que o motivaram a tocar essa empreitada. “Além dessas questões mais objetivas, guardo um gosto muito grande pelos mamíferos, num sentido mais subjetivo. Além disso, tenho interesse em trabalhar especificamente com a ecologia e conservação de felinos da região. Assim, comecei, eu mesmo, a fazer toda a trajetória para projetos futuros, pessoais ou para outros pesquisadores”, relata.
O pesquisador utiliza, como ele explica, duas metodologias de captação de dados – uma que avalia as trilhas percorridas pelos animais e a outra que estuda os rastros. “Trabalho com a pegada natural por causa da facilidade proporcionada pelo solo de arenito, de fácil identificação, não precisando muito trabalhar com armadilhas artificiais de areia, como acontece em outras regiões de solo menos arenoso e de difícil identificação natural das pegadas.”
A primeira fase da pesquisa foi desenvolvida em 2008, com a análise das trilhas percorridas pelos animais. Eram feitas em torno de três visitas por mês, percorrendo as trilhas da região para anotar a presença do animal, espécie e distância perpendicular do pesquisador. Nesse intervalo, as pegadas foram fotografadas e analisadas, usando três guias de identificação existentes no Brasil. Agora, informa o professor Vagner, a fase de coleta, que durou um ano, está concluída. O que falta é analisar os dados e fazer o relatório da pesquisa.
Vagner Canuto entende que com esse tipo de estudos é um complemento à importância da Reserva Biológica de Perobas na conservação dos mamíferos, especificamente, e da biodiversidade como todo. “É um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica semidecidual existente no Paraná e no Brasil. Além disso, guarda alguns exemplares de espécies que já sofreram extinção local nesse tipo de floresta, como o Queixada, que não existe mais no Parna de Foz, por exemplo.”
Durante as pesquisas Canuto também constatou que, apesar da presença de animais como a onça parda, a grande quantidade herbívoros – como a anta por exemplo – pode estar relacionada à falta de predadores naturais. “Isso pode gerar um problema econômico para a região em tempos de escassez de alimento dentro da reserva, já que a Anta tem uma área enorme de uso que extravasa o domínio da reserva”, pondera. Na opinião dele, essa situação torna o animal alvo de caça por parte dos plantadores de soja.
Aliás, a caça é uma da constatações apontadas pelos estudos feitos pelo pesquisador. “Essa prática talvez seja o grande problema na região, apesar das ações positivas do ICMBio no sentido de coibir e educar para a importância da fauna silvestre, ainda há caçadores dentro da reserva e no entorno,” revela Canuto. Para o cientista, esse trabalho de catalogação de médios e grandes mamíferos que ele desenvolve pode ajudar a resolver esse problema. “A pesquisa também tem um caráter mais aprofundado do que os levantamentos tradicionais para planos de manejo em unidades de conservação e pode ser usada também neste sentido.” (Fonte: Carlos Antonio de Oliveira - ASCOM/ICMBio)
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