Comemora-se hoje os 155 anos da emancipação política do Paraná. No dia 19 de dezembro de 1853, por força da lei número 704, assinada pelo imperador d. Pedro II, em 29 de agosto do mesmo ano, a Comarca de Curitiba rompeu os laços – ou amarras – que a prendiam a São Paulo. Tornava-se a mais jovem província do império, “agraciada no berço com o caudaloso nome de Paraná”, como se assinalou nas comemorações do sesquicentenário. Os primeiros passos, como, aliás, os de hoje, não foram fáceis. O primeiro presidente da província foi Zacarias de Góes e Vasconcelos e, depois, Adolfo Lamenha Lins. No total, tivemos 41 governantes de 1853 a 15 de novembro de 1889, quando da Proclamação da República. O primeiro presidente era baiano e, o segundo, pernambucano, como a prenunciar o que esta seria, no futuro não muito distante, uma terra de todas as gentes. Foi em 1906 que surgiu o termo “paranismo”, que significa “natural e amigo do Paraná”. O riquíssimo processo de miscigenação estava em andamento. Como acentuou a professora e historiadora Clotilde Germiniani nas festividades do sesquicentenário, o desenvolvimento do estado teve grandes momentos e fatores decisivos, como, em 1885, com a ligação ferroviária com o litoral, representando um passo muito significativo para o progresso da capital e da província. E, em justo preito, a historiadora também falou sobre os imigrantes de várias origens, “que trouxeram a experiência e a cultura de seus países para o benefício de nossa sociedade”. O processo de emancipação teve início em 1811, com o manifesto da Câmara Municipal de Paranaguá, mas foi em 1842 que as bancadas mineira e baiana apresentaram um projeto de lei à Assembléia Geral, propondo a autonomia paranaense. Originalmente, a lei falava em Província de Curitiba, passando a Província do Paraná em homenagem ao rio homônimo. Percebendo a emancipação eminente, São Paulo tratou de garantir para si Cananéia e Iguape, mutilando no berço o mapa da nova província, como apontou o historiador Odilon Túlio Vargas. É ele ainda que chama a atenção para outro fato: ocorreu um referendo para decidir qual seria a capital, embora Curitiba constasse da lei. Além de Curitiba, outras duas cidades participaram do referendo: Guarapuava e Paranaguá. Curitiba venceu Paranaguá por apenas dois votos. As dificuldades enfrentadas pela ex-5.ª Comarca de São Paulo não foram poucas. Logo ao chegar, o presidente Zacarias de Góes e Vasconcelos disse que todos os seus problemas poderiam ser resumidos em um só: povoar um território de 200 mil km· que contava com apenas 60.626 habitantes. Muitos desafios se sucederam. Um deles, pouco lembrado, diz respeito à Justiça. O Paraná tinha autonomia político-administrativa, mas permanecia vinculado ao Judiciário paulista. E essa importante emancipação só veio a ocorrer em 1891, 38 anos depois da criação da província. Havia um natural inconformismo dos habitantes da terra com a discriminação, pois continuávamos sob a tutela do Judiciário de São Paulo. O Paraná vivia uma emancipação incompleta. Hoje, com uma população formada por descendentes de diversas etnias, como poloneses, italianos, alemães, ucranianos, holandeses, espanhóis e japoneses que aqui se fixaram, juntando-se ao índio, ao português e ao negro, o Paraná é o maior produtor nacional de energia elétrica e responsável por 25% dos grãos colhidos em todo país, com fortes investimentos na industrialização. Dados recentes sobre o PIB – Produto Interno Bruto – dos estados colocam o Paraná em destaque no cenário nacional. Avançar ainda mais é o desafio da atual conjuntura. E haveremos de vencê-lo, como fizemos em muitos outros momentos de nossa história.
Fonte: Gazeta do Povo
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