(Do Blog do Pegoraro) O trade turístico, autoridades políticas e ambientalistas debateram nesta terça-feira, dia 19, a construção da Usina do Baixo Iguaçu, que se construída, poderá afetar o nível das águas nas Cataratas do Iguaçu. O debate aconteceu na Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, numa audiência pública convocada pelo vereador Valdir de Souza ‘Maninho’ (PMDB).
Participaram da audiência o presidente do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), Paulo Angeli; os prefeitos de Capanema e Capitão Leônidas Marques, Milton Kafer e Claudiomiro Quadri; o presidente da Associação de Educação Ambiental de Foz do Iguaçu, André Alliana; o secretário municipal de turismo, Felipe Gonzalez, o diretor regional do Instituto Ambiental do Paraná, Irineu Ribeiro; o diretor do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro; além dos vereadores Nilton Bobato, Edson ‘Narizão’, Carlos Juliano Budel e Rodrigo Cabral.
Durante a discussão, a opinião dos participantes foi quase unânime. Todos estão preocupados em relação aos impactos com a contrução da usina no Rio Iguaçu poderá causar, tanto no aspecto ambiental, quanto no aspecto econômico. De acordo com Angeli, que apresentou o estudo “Os impactos da construção da usina hidrelétrica do Baixo Iguaçu para o turismo”, encomendado pelo próprio COMTUR, o destina é incerto. “Nós não podemos medir os impactos, mas estamos certos de que eles existirão”, disse.
De acordo com ambientalistas, entre eles André Alliana, com a construção da Usina, o impacto no nível de água do Rio Iguaçu, que já sofre com altas e baixas, poderá ser totalmente desregulado. “Afetando o ecossistema, prejudicaremos o turismo, a economia. Os peixes, que já sofrem para subirem o Rio Iguaçu, vão sofrer ainda mais com a barragem, ou seja, toda a ordem será prejudicada. O impacto será altíssimo”.
Nilton Bobato disse que a dúvida sobre o impacto só será realmente respondida, quando a usina for construída. “Só vamos saber realmente o impacto da Usina, quando ela for construída. Mas e se, realmente este impacto for grande? Nós não poderemos desmontar a barragem. Este é um debate muito sério e que necessita de amplitude”.
O representante do IAP, Irineu Ribeiro, disse que não participou da comissão que analisou e aprovou a execução do projeto, mas disse que, segundo a assessoria jurídica do IAP, no edital de licitação está previstas medidas de preservação ambiental, entre elas, um canal da piracema, semelhante ao existente da Itaipu.
Um dos argumentos interessantes foi o de Jorge Pegoraro. Segundo o diretor do Parque Nacional, a própria Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), que tombou o Parque Nacional como patrimônio da humanidade em 1986, enviou um comunicado pedido cautela em relação à construção da Usina do Baixo Iguaçu.
Baixo Iguaçu
Orçada em US$ 525 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão), a usina do Baixo Iguaçu terá capacidade, quando instalada, de 350 megawatts, potência capaz de abastecer uma cidade com aproximadamente 1 milhão de habitantes. Incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a usina teve seu cronograma alterado mais de uma vez e ainda não obteve a licença prévia dos órgãos ambientais – primeiro passo para a execução de um projeto desse tipo. De acordo com o prospecto da empresa, o reservatório de Baixo Iguaçu terá 13 quilômetros quadrados e vai inundar 336 propriedades rurais, exigindo o reassentamento de 359 famílias que vivem na área.
Segundo dados da empresa curitibana Sociedade da Água Consultoria Ambiental, Capitão Leônidas Marques perderá 550,8 hectares, Capanema entrará com 452,4 hectares e Realeza 340,4 hectares. Embora contribuam com menos terras, Planalto e Nova Prata do Iguaçu também terão terras alagadas. Planalto perderá 6,18 hectares e Nova Prata do Iguaçu perderá 3,87.
O dique da represa ficará cerca de 90 quilômetros acima das Cataratas, patrimônio natural protegido por dois parques naturais, um do Brasil e outro da Argentina, e destino turístico – que somente no ano passado – foi visitado por mais de um milhão de pessoas. A represa começará a ser construída em seis meses pela empresa Neoenergia e tem previsão para ficar pronta em 2011.
O Brasil não é obrigado a pedir autorização à Argentina para este projeto, já que não existem convênios bilaterais sobre o uso partilhado do rio Iguaçu, cujos últimos 100 quilômetros antes de sua desembocadura no Rio Paraná marcam a fronteira dos dois países.
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