segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Aurora

Tenho um sonho. Aos outros, parece um devaneio distante. Sincero pensamento; não me importa os outros. Dentro de minha alma, sonho forte. Não se torna inferior, nem se anula em razão de terceiros. Fortalece-se a cada nascer de Lua e Sol e, a cada descansar de Sol e Lua, sinto-me mais feliz. Não sai de meus pensamentos a imagem de como será: em uma noite iluminada pelas infinitas estrelas graciosas, dois bobos sonhadores trocarão olhares apaixonados e esperarão por uma estrela cadente, à qual irão clamar por amor eterno. Mas, e enquanto essa estrela não vier? Seria tempo suficiente para seus sentimentos enfraquecerem ao nada? Tudo tende a enfraquecer. E quanto à esperança? Atrofiada de tanto uso fútil, nem todos acreditam nessa lenda. Existe? Funciona? Confiável? Sim ou não, existem momentos em que, em toda sua extensão, o horizonte se torna o máximo escuro. Nesses momentos, surge a verdadeira esperança. Revela-se, como anjo tímido. Cria-se, embrião senil. Retorna à vida, como fênix cansada. Afinal, todos precisam de um pingo de sua lágrima serena. Hoje, sinto que um desses anjos está por perto, cuidando de mim. Uma luz que me guia, sem que eu a veja. Mas ainda há um buraco em minha alma. É a falta de nossos encontros, que encherão esta vacuidade dentro de mim. Em meio de dias e noites, saberei o que é estar satisfeito sem perceber. Desejo, então, uma chance para viver. Viver. Tudo que preciso, desesperadamente, é você; anjo, minha estrela que virá. Estrela portadora de um obstáculo impertinente ao tempo, tal entidade perspicacíssima, extremo magnânimo que quase tudo cura, incapaz de desvanecer esse sentimento. Esse sonho, aos poucos, deve se tornar real, precedendo memórias e viveres de um amor inesquecível.
(Anjo Misantropo - Matheus De Giovanni, pg. 24)

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