O número de propriedades rurais do Paraná cresceu 0,3% em uma década, passando de 369,9 mil (em 1996) para 371,1 mil (2006), e pondo fim a um dos maiores êxodos rurais já registrados no mundo. No entanto, a concentração fundiária continua crescendo. Os dados são da análise divulgada nesta quinta-feira (8) pelo Ipardes, com base no Censo Agropecuário de 2006. A cana é o principal produto agrícola.
Os números mostraram uma inversão da tendência de abandono da agropecuária, experimentada tão fortemente no Estado nas décadas anteriores, de acordo com Maria Lucia Urban, diretora de pesquisas do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social ). Em 1970, o Estado contava com mais de 554 mil estabelecimentos e cinco anos depois perdeu 76 mil unidades. “Isso fez com o Paraná vivenciasse um dos maiores êxodos rurais ocorridos na história mundial do século passado”, acrescentou.
As unidades entre 100 e mil hectares representaram 44,6% do total da área agropecuária, somando 25,1 mil estabelecimentos. Elas representam apenas 6,8% do total de estabelecimentos. Em 1996, estas unidades tinham participação de 41,1%. O maior crescimento destas unidades aconteceu nas regiões Norte (Londrina e Maringá), Centro (polarizada por Campo Mourão) e Noroeste (Paranavaí, Umuarama e Cianorte).
Como resultado, o Índice de Gini (que aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos), referente à distribuição da terra no Estado, atingiu 0,770 em 2006, superando o índice de 0,741, registrado em 1996. A concentração fundiária é mais elevada quando o indicador está mais próximo de 1. No Brasil, o índice para concentração de terra alcançou 0,856 em 1996 e 0,872 em 2006, de acordo com o IBGE, apresentando números piores do que os do Paraná.
Já a participação dos estabelecimentos com menos de 10 hectares diminui de 5%, em 1996, para 4,7% em 2006, embora o número de unidades tenha crescido 7% no período, passando de 165, 5 mil para 154,6 mil. Estas unidades respondem por 44,6% do total de estabelecimentos agropecuários no Paraná. Entre as mesorregiões paranaenses, sobressai o Sudoeste, com significativa participação das unidades de pequeno porte na área total dos estabelecimentos.
Número de ocupados
O Censo aponta ainda que houve uma queda de 13,2% do pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários no Paraná, com o registro de 1,12 milhão de trabalhadores em 2006, ante uma marca de 1,29 milhão em 1996. Os números tornam clara a diminuição do ritmo de eliminação de ocupações no campo, tendo em vista que o decréscimo atingiu expressivos -30,6% em 1996, na comparação com o resultado de 1985.
Entre os fatores que explicam a desaceleração dessa tendência, o coordenador de conjuntura econômica do Ipardes, Julio Suzuki, destaca as melhores condições para a viabilização econômica das atividades típicas da pequena propriedade e a eficiência dos programas de previdência rural e transferência de renda.
“Vemos, muitas vezes, que o ganho da previdência rural e de programas de transferência de renda suplantam os rendimentos do trabalho na composição da remuneração total dos residentes em áreas de produção agropecuária, reduzindo, de qualquer modo, a necessidade de buscar ocupações urbanas”, observa Susuki. (Fonte: Jornal Tribuna de Cianorte)
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