sábado, 28 de fevereiro de 2009

Atropelamentos reduzem espécies silvestres

Aumento da frota de veículos e diminuição das matas ameaçam a biodiversidade; animais silvestres são os mais atingidos nas rodovias da região de Umuarama
(Foto: Adriane Rosada)
"Ao transitar pelas estradas de todo o país é comum encontrar animais atropelados, a maioria deles de espécies silvestres. Na região de Umuarama a situação não é diferente e os registros causam preocupação entre os biólogos e ambientalistas, pois as mortes constantes contribuem com o desaparecimento de diversas espécies.Apesar da existência de placas sinalizando o possível trânsito de animais silvestres e dos passadores para auxiliar os animais, em alguns trechos há pontos críticos de registros de atropelamentos. “A rodovia que liga Umuarama a Porto Camargo (Icaraíma) é que apresenta os maiores índices”, afirma o comandante da Polícia Ambiental Força Verde de Umuarama, tenente Alcimar Crecêncio.
Uma das explicações é o grande número de reservas e áreas de preservação ambiental na região abrangida pela Polícia Ambiental de Umuarama. São 60 municípios, que incluem o Parque Nacional de Ilha Grande, a Reserva Biológica das Perobas, a Estação Ecológica do Caiuá, o Parque Estadual de Amaporã e uma RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural), em São Manoel do Paraná.
Um levantamento feito em 2006 revelou que 106 animais foram atropelados em um período de 4 meses na PR 580, da saída para Serra dos Dourados (distrito de Umuarama), tendo como marco inicial o primeiro quebra-molas, até o km 45 (na entrada de Ivaté). A pesquisa, inédita na região, foi feita pelo biólogo Jerry Toninato e pelo então acadêmico do curso de Ciências Biológicas, Márcio de Souza, para um trabalho de conclusão de curso. Dos animais encontrados pela dupla 76 eram silvestres (72%) e 30 domésticos (28%). Do total de espécimes, 19% eram aves. Os animais doentes foram recolhidos para tratamento e os mortos passaram por processo de taxidermia (empalhamento). Hoje Toninato acredita que o número de animais vítimas de atropelamentos tenha aumentado. “Podemos ter certeza disso levando-se em consideração o aumento da frota de veículos”, lamenta. “A rodovia próxima ao Parque das Jabuticabeiras e os arredores da vila rural são pontos de freqüentes atropelamentos de animais domésticos. Já no trecho próximo ao córrego 215, são as espécies silvestres as mais atingidas. Quando fizemos o estudo a raposa foi a espécie mais encontrada”.
Desmatamento
Outro motivo apontado pelo comandante da Polícia Ambiental é a redução das matas. Sem lugares para se refugiar e buscar alimentos, os animais acabam indo para o espaço urbano e consequentemente as rodovias, o que leva muitos deles a morte. “Frequentemente são registradas aparições de onças pardas na região. A população também costuma encontrar animais feridos ou perdidos, como o filhote de jaguatirica capturado em um canavial próximo a Mariluz. O animal foi encaminhado para o Centro de Triagem e depois devolvido ao meio ambiente”, ressalta o tenente.
Biodiversidade ameaçada
Além de haver poucas matas, muitos proprietários deixam a vegetação próximo das rodovias, o que aumenta o perigo. “O melhor é que os fragmentos de mata sejam deixados às margens dos rios”, analisa Toninato. Para o tenente Crecêncio a situação é preocupante por colocar em risco tanto a vida da população como a biodiversidade. “A perda dos animais silvestres causa a redução da biodiversidade. Já são poucos os animais para manter a biodiversidade. Com as perdas constantes, o número fica ainda mais reduzido, o que fatalmente pode levar várias espécies ao desaparecimento na região”, frisa.
Quando qualquer animal for encontrado atropelado as margens da rodovia, especialmente espécies silvestres, a Polícia Ambiental ou a polícia rodoviária deve ser avisada, para que o animal seja socorrido ou retirado do local. “O transporte ou comercialização de animais silvestres, mesmo mortos, é crime ambiental sujeito a punições cível e criminal. Por isso a pessoa deve ligar para a polícia. Também é importante denunciar a caça e o comércio desses animais”, alerta Crecêncio".
(Fonte: Jornal Umuarama Ilustrado, 18/11/2008)

Nenhum comentário: