Atendi o celular e meu interlocutor fez uma denúncia: “estão caçando na Reserva, mataram uma anta que comia sal no cocho, de tão mansa, tadinha... só tô falando prô senhor porque me preocupo com a Natureza... quero deixar prôs meus netos... e a Reserva está abandonada”.*
A Reserva nunca esteve abandonada! Não está abandonada atualmente... e nunca estará! Nunca abandonamos nossa residência, nosso lar, mas não podemos assegurar-nos por completo que assaltantes não a invada. Nunca abandonamos nossos filhos, mas não teremos absolutas certeza e tranqüilidade que traficantes ou assassinos não os agridam. Nunca abandonamos a “Mata da Companhia”, mas, não conseguimos impedir por completo que pessoas a adentre sem autorização, para caçar e extrair espécimes de suas fauna e flora. O problema não está em nossos cuidados extremados com o que nos pertence, com o que amamos. O problema está lá fora, na existência de pessoas à margem da Lei – marginais, portanto – que teimam em invadir, adentrar sem permissão e agredir o que não lhes pertence, o que não amam.
Na Reserva Biológica das Perobas, área da União, é proibido a entrada de pessoas não autorizadas... e teimam em adentrar, na calada da noite, nos dias de chuva... acima da Lei! Com qual intenção se adentra em uma propriedade que não se é sua, quer seja da Companhia, do senhor José ou do Estado?
Nossa Região é denominada o “Sul Maravilha”... sabemos que temos muitos e variados problemas; nossa cidade e região também os têm. Mas, estou certo que a caça não é, para nenhum indivíduo de nossa Comunidade, uma ação famélica. É apenas para atender aos instintos primitivos da “besta-fera” humana, agradar alguns “senhores de engenho” de plantão e tentar perpetuar a “cultura” imbecil do “matar prá comer” e da “submissão das espécies”.
O tráfico de animais (caça ilegal inserida) é a terceira maior atividade ilícita do mundo, perde somente para o tráfico de armas e drogas. Movimenta milhões de dólares e retira milhões de espécimes da Natureza. Portanto, é um problema mundial. Assim, a caça, o tráfico de drogas, os assaltos, a destinação de nosso lixo, a contaminação de nossas águas e todos os demais problemas de nossa convivência em sociedade é um problema da Sociedade, da Comunidade. A “falação”, a desoneração individual, a ameaça, a pretensiosa intenção de injuriar e difamar, na clara ação de buscar interesses particulares e muitas vezes escusos, não cabem a nenhum de nós. Trabalhemos, juntos, para a erradicação da caça ilegal!
Ajudem a proteger nossa Fauna, os animais que, a continuar assim, nos farão muita falta, muito em breve. Ajudem a proteger e preservar a Rebio das Perobas! Ajudem a não permitir que ninguém entre na Reserva ou qualquer outra Unidade de Conservação ou propriedade alheia sem autorização. Diga não à compra de animais silvestres não cadastrados! Diga não à caça ilegal e aos caçadores!
Para quem insiste em caçar, lembre: “pode-se enganar muitos por pouco tempo, poucos por muito tempo, mas não se pode enganar todos o tempo todo”.... cedo ou tarde as coisas melhoram para todo aquele que, verdadeiramente, respeita e convive com a Natureza... e, esteja certo, estamos trabalhando para que seja cedo, o quanto antes!
* Apenas à bem da verdade, o que não ameniza o fato, a referida anta foi abatida numa fazenda próxima à Rebio (muito antes da “denúncia ao celular”) e não no seu interior.
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