domingo, 28 de fevereiro de 2010
O meu "santim"...
sábado, 27 de fevereiro de 2010
ICMBio reforça posição do Brasil contra caça "científica" da baleia
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Glossário do Goiano
Do Blog do Lukas
Em vigor a Resolução sobre Áreas Contaminadas
Organograma do ICMBio
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Rotary promove campanha “End Polio Now” nas Cataratas do Iguaçu
Parque Nacional das Emas voltará a ter conexão com rio Araguaia
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Relatório de Atividades
Represa Grande
domingo, 14 de fevereiro de 2010
ICMBio participa de Conferência
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Criado o Conselho Consultivo da Rebio das Perobas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Aviões e helicópteros serão usados no combate a incêndios florestais em unidades de conservação
(video: Carlos AF De Giovanni)
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Ornitólogo inicia pesquisa na Rebio das Perobas
Congresso em Belém avalia estratégias de conservação e pesquisa da fauna no Brasil
sábado, 6 de fevereiro de 2010
aquaIGUAÇU analisará metais
Natureza mutilada
Capturar canários, curiós e araras nas matas, transportá-los escondidos no interior de malas, caixotes ou tubos de PVC e depois vendê-los por dezenas, e até milhares, de reais sempre foi um crime covarde. Agora, traficantes descobriram um jeito de torná-lo também mais fácil. O novo método consiste em "esquentar" pássaros retirados da natureza inserindo neles anilhas de identificação do Ibama – uma espécie de atestado de legalidade que os criminosos compram de criadouros autorizados. Como não há fiscalização sistemática desses criadouros, a proprietários mal-intencionados basta solicitar ao instituto um número de anilhas superior àquele necessário para identificar os filhotes nascidos no estabelecimento e usar o resto para abastecer o estoque dos traficantes. De cada dez anilhas distribuídas pelo Ibama, pelo menos sete acabam nas mãos de traficantes de aves silvestres, admite o instituto.
Para os criminosos, o expediente é altamente proveitoso. Além de aumentar o seu lucro, já que uma ave anilhada vale em média o triplo de uma sem anilha, ele possibilita o transporte, despreocupado e à luz do dia, de uma quantidade muito maior de pássaros. Já para os bichinhos, o sofrimento é indizível. Como, em geral, as aves capturadas são adultas e as anilhas não cabem nos seus pés – foram feitas para identificar filhotes –, na tentativa de encaixá-las à força, os traficantes as machucam sem piedade. No Rio de Janeiro, o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, no município de Seropédica, abriga diversos pássaros com pés e dedos quebrados no processo (os que têm mais sorte portam anilhas alargadas, recurso também usado por traficantes). Outros exibem ferimentos recebidos durante o transporte ou cativeiro. Há tucanos de bico quebrado, sabiás despenados e periquitos mutilados.
As aves são capturadas pelos traficantes na Amazônia e no Nordeste, principalmente, e quase sempre se destinam ao mercado brasileiro – apenas uma pequena parte chega de carro à Argentina, de onde segue para a Europa. No país, o principal mercado consumidor está na Região Sudeste. Lá, nos estados de São Paulo e Rio, as aves são vendidas em feiras ou oferecidas a colecionadores e criadouros. Quanto mais bonito o seu canto, mais perseguidas pelos criminosos elas são (veja o quadro). Certas espécies, como o canário-da-terra, também são usadas em rinhas, muito frequentes na periferia e no interior paulista e fluminense. Nessas disputas, dois canários machos, incitados por uma fêmea, trocam bicadas dentro de uma gaiola até que um deles morra ou seja resgatado pelo dono. As apostas variam de 10 a 500 reais. O preço de um canário-da-terra no mercado clandestino gira em torno de 20 reais. Já aves ornamentais, como araras e papagaios, chegam a valer dez vezes mais.
O tráfico ilegal de animais silvestres movimenta de 10 a 20 bilhões de dólares por ano no mundo – valor do qual o Brasil participa com 15%. Trata-se de um crime pouco fiscalizado, com alta margem de lucro e punição branda. A pena para o tráfico de animais silvestres, tanto para quem é flagrado com uma arara em casa quanto para quem é pego vendendo 1 500 curiós, varia de seis meses a um ano de detenção – o que quer dizer que quase nunca é cumprida, já que pode ser transformada em prestação de serviços à comunidade. "Traficar animais no Brasil é um negócio vantajoso e compensador", resume o delegado Álvaro Palharini, chefe da Divisão de Repressão ao Crime contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal. Azar do curió, do canário-da-terra, da arara-azul...
(Fonte: Revista Veja, Edição 2150 - http://veja.abril.com.br/030210/natureza-mutilada-p-094.shtml)